Segment Routing over IPv6: Programando sua Rede!

A mudança para o plano de dados IPv6 no SRv6 remove a necessidade do cabeçalho MPLS e lança mão da funcionalidade de cabeçalhos de extensão do IPv6. Para tanto, se criou o SRH (Segment Routing Header), que é a estrutura de dados usada para a identificar o serviço ou LSP.

Uma diferença interessante no SRv6 é que a função a qual o SID está associado é mapeada no próprio endereço de 128 bits. Assim como no mundo MPLS, um SID pode estar associado a um nó, a uma VPN IPv6, a uma VPN IPv4 ou a algo definido pelo próprio usuário da rede, de certa forma, a programando!

O conceito de Programação de Redes pelo SRv6 se refere à capacidade de uma aplicação codificar qualquer função complexa como “termos” individuais distribuídos na rede. Cada termo pode ser representado por um ou mais SIDs no cabeçalho do pacote IPv6.

Como os SIDs não têm o formato de um label MPLS, mas sim de um endereço IPv6 de 128 bits, o seu uso inicialmente gerou críticas com relação ao impacto na MTU das interfaces, pois o SRH ocupa no mínimo 24 bytes (8 de seu próprio cabeçalho e mais 16 bytes de um endereço IPv6). Tal característica levou ao desenvolvimento de soluções de compressão de cabeçalhos, como SRm6 e uSID (ou Micro-Segment). A mais comum atualmente é a uSID, que consegue mapear até 18 saltos intermediários com um overhead de apenas 40 bytes.

Engenharia de Tráfego:

Em oposição aos requisitos de manutenção de sessões e estado que o RSVP-TE apresenta, a modalidade de Engenharia de Tráfego facilitada pela arquitetura de Segment Routing não implica nada além da criação da LSP no nó originador, ou Ingress. Portanto, o caminho completo é definido na entrada do domínio SR e é inserida no pacote IP através de uma ou mais operações de push de SIDs.

Como herda a arquitetura de roteamento pela origem, o SRv6 também permite que sejam criados caminhos na rede que sejam independentes do IGP. Da mesma forma, permitem tanto instanciação local das LSPs quanto através de um controlador externo (PCE).

Operação e Manutenção:

Similar ao SR-MPLS, o SRv6 apresenta um plano de controle simplificado, adicionado à redução de requisitos de memória e CPU dos roteadores pela diminuição de protocolos concomitantes é certamente um dos maiores atributos positivos trazidos pela tecnologia.

Todavia, esta mesma falta de sessões e estado que outras soluções de TE precisavam, acabou por limitar o monitoramento das LSPs, dado que ela somente existe no nó de origem; outro problema é a ausência das mensagens do estilo do RSVP-TE, como PATH e RESV, na identificação de falhas – para este último se desenvolveu o que se chama de S-BFD ou Seamless BFD.

Comentários finais:

O salto que o SRv6 representa pode trazer diversas vantagens e outras desvantagens para o operador de redes; carecerá de um bom projeto para fazer sua implantação ser suave sem perder funcionalidades, respeitando tanto sua infraestrutura de redes quanto aos serviços prestados a seus clientes – conte com a Routz para tanto!

Glossário:

BFD

Bidirectional Forwarding Detection

IGP

Internal Gateway Protocol

IP

Internet Protocol

IPv4aaS

IPv4 as a Service

IS-IS

Intermediate system to Intermediate system

LSP

Label-Switched Path

MPLS

Multiprotocol Label Switching

MTU

Maximum Transport Unit

OSPF

Open Shortest Path First

PCE

Path Computation Engine

SID

Segment ID

SR

Segment Routing

SRH

Segment Routing Header

SRm6

Segment Routing Mapped to IPv6

SR-MPLS

Segment Routing with the MPLS Data Plane

SRv6

Segment Routing over IPv6

uSID

Micro-Segment

VPN

Virtual Private Network

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