Mitos e Fatos do Wifi em 2024

Mitos e Fatos do Wifi em 2024

Embora cerca de 80% do acesso à internet seja feito diretamente por redes de celular, ainda temos o costume de sempre buscar conectar nossos dispositivos à rede WiFi indoor dos locais que visitamos. Isso inclui solicitar a senha ao proprietário da casa ou procurar pela plaquinha com aquele símbolo tradicional do WiFi típicas dos ambientes comerciais.

Contrariando a intuição de alguns, a relevância das redes WiFi indoor está crescendo com a expansão do 5G. Apesar do aumento na velocidade de conexão, redução de custos e maior facilidade de conexão, essa tecnologia enfrenta dificuldades para funcionar bem dentro de edifícios. É aí que novas tecnologias tais como WiFi offloading mudaram o cenário. Essa tecnologia permite que dispositivos móveis se conectem automaticamente às redes WiFi oferecidas pelas operadoras de celular, sem que o usuário precise selecionar o SSID ou inserir credenciais. Assim, onde a rede celular não funcionar direito, o WiFi pode estar disponível de forma transparente para garantir a cobertura.

Todo mundo nota que redes celulares estão avançando rapidamente, do 4G para o 5G e já se preparam para o 6G. Mas as redes WiFi acompanham esse ritmo acelerado, recentemente evoluindo do WiFi6 para o WiFi 6E, e já estão aparecendo os primeiros dispositivos com WiFi7.

E portanto, mesmo sendo uma tecnologia bem estabelecida, diversos mitos sobre o WiFi ainda persistem entre os usuários e fornecedores do serviço que não acompanharam a evolução da tecnologia. Vamos ver alguns deles:

Mito 1: Não se pode confiar dados importantes em redes de WiFi

Um mito prevalente sobre Wi-Fi é que ele é inerentemente inseguro, com o tráfego sendo vulnerável a interceptação e acesso não autorizado. Essa percepção estabeleceu-se por causa da má-prática muito comum de se oferecer a rede GUEST (visitantes) sem nenhum tipo de encriptação, e autenticação baseada apenas em um portal http. Mas não precisa ser assim. Hoje e trivial habilitar protocolos de criptografia sofisticados, como o WPA3, que fornece uma criptografia forte para os dados, autenticação baseada em EAP (Extensible Authentication Protocol) que garantindo que os usuários sejam identificados de forma segura antes de acessar a rede, e que permaneçam conectados apenas pelo tempo determinado em configuração. Essas medidas garantem que o Wi-Fi das redes Guest (e também as redes de Offloading) ofereçam o mesmo nível de de privacidade e de proteção dos dados que as redes 5G. Se você estiver confortável em acessar seus dados em redes celulares, pode ficar tranquilo em acessá-los em uma conexão Wi-Fi adequadamente configurada.

Mito 2: Se tiver muita gente no WiFi, nada vai carregar direito

Outro equívoco comum é que o Wi-Fi só pode oferecer um serviço de “melhor esforço”, resultando em uma má experiência do usuário, especialmente em áreas lotadas. Esse mito se origina de gerações anteriores de Wi-Fi, como Wi-Fi 4 e 5, que de fato enfrentavam dificuldades com falta de canais, grande latência e baixa taxa de transferência de dados quando muitos dispositivos eram conectados simultaneamente. No entanto, a introdução do Wi-Fi 6 e seus sucessores, Wi-Fi 6E e Wi-Fi 7, revolucionaram esse aspecto. Esses novos padrões incorporam tecnologias avançadas como OFDMA, que permite o uso eficiente do espectro e reduz a latência, mesmo em ambientes de alta densidade. Essencialmente, o Wi-Fi 6 transforma o cenário caótico das redes Wi-Fi anteriores em um processo deterministico bem orquestrado, onde cada dispositivo tem sua vez para se comunicar efetivamente. Além disso, tanto o Wi-Fi 6E quanto o 7 podem operar no novo espectro de 6 GHz para Wi-Fi e, portanto, não sofrerão interferência com o Wi-Fi legado. Então, coloque seus medos de lado em relação a pontos de acesso lotados. Se a rede estiver bem configurada não há perigo.

Mito 3: WiFi é complicado e chato de conectar

Realmente o Wi-Fi tem uma reputação de ter um processo de conexão inicial bem chato. Portais de autenticação (Captive Portals) tediosos que exigem suas credenciais, exigindo senhas complexas, sensíveis a maiúsculas e minúsculas e verificando-as três vezes para se conectar, e muitas vezes confirmando o aceite sem que com isso a navegação funcione… Embora seja verdade que redes Wi-Fi públicas em lugares como hotéis e aeroportos historicamente confiaram em portais de autenticação, as soluções de Wi-Fi Offloading melhoraram drasticamente a experiência do usuário. Tecnologias como autenticação SIM e Passpoint (Hotspot 2.0) permitem que os dispositivos se conectem de forma perfeita e segura às redes Wi-Fi sem nenhuma intervenção manual. Com a autenticação SIM, por exemplo, um dispositivo pode se autenticar automaticamente usando as credenciais do assinante móvel, fornecendo acesso instantâneo à rede Wi-Fi. Além disso, iniciativas como OpenRoaming facilitam a conectividade automática, segura e perfeita em uma rede global de hotspots Wi-Fi.

Mito 4: Redes WiFi me fazem ter que gerenciar senhas diferentes em cada lugar

Historicamente, as redes Wi-Fi eram de fato fragmentadas, com cada rede operando independentemente com sua base de dados de autenticação isolada. No entanto, iniciativas como OpenRoaming, vieram para acabar com isso. O OpenRoaming cria o que chamamos de uma “rede federada” de milhões de hotspots Wi-Fi em todo o mundo, permitindo que os usuários romem perfeitamente de uma rede para outra sem intervenção manual. Isso significa que, uma vez que um dispositivo é autenticado em uma rede habilitada para OpenRoaming, ele pode se conectar automaticamente a qualquer outra rede participante. Com o número de hotspots habilitados para OpenRoaming globalmente agora totalizando mais de 3 milhões e aumentando, a ideia de que as conexões Wi-Fi são ilhas isoladas foi confinada aos livros de história.

Os mitos em torno da tecnologia Wi-Fi prejudicam os usuários, e também os fornecedores do serviço, sendo um obstáculo a realização do seu verdadeiro potencial. Garantir que a sua rede WiFi está bem configurada vai tornar a sua rede mais eficiente e segura, e os seus usuários muito mais satisfeitos.

Texto: Gil Leça

plugins premium WordPress